Investigação aponta que grupo integrado por vereador da BA usava laranjas e empresas de fachada para lavar dinheiro
25/09/2025
(Foto: Reprodução) Polícia Civil detalha como funcionava organização criminosa que prendeu vereador na Bahia
A Polícia Civil (PC) revelou, nesta quinta-feira (25), como atuava um grupo criminoso investigado por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro na Bahia e outros três estados brasileiros. Uma ação da polícia, que aconteceu na quarta-feira (24), levou à prisão do vereador Ailton Leal (PT), da cidade de Santo Estevão. Ele é apontado como administrador de um posto de combustíveis usado para lavar dinheiro do esquema.
As investigações sobre o grupo começaram em 2024 e elucidaram que a organização movimento o dinheiro do tráfico de armas e drogas por meio de contas de laranjas e empresas de fachada. Essa estratégia foi utilizada para disfarçar a origem ilegal do dinheiro e "lavar" as quantias acumuladas.
Investigação aponta que grupo integrado por vereador da BA usava laranjas e empresas de fachada para lavar dinheiro
Reprodução/TV Bahia
A PC identificou que a movimentação financeira dos alvos investigados ultrapassa R$ 4, 3 bilhões. Todos os bens e valores dos suspeitos foram bloqueados após decisão judicial.
Em entrevista à TV Bahia, a delegada da Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco), Vitória Brito, afirmou que o envolvimento dos suspeitos no esquema ficou claro durante as investigações.
"Com a quebra do sigilo bancário e fiscal não tem como negar. Então foi identificado a movimentação financeira e a participação efetiva dessas pessoas. [Assim], nós conseguimos alcançar pessoas de poder aquisitivo elevado, tanto sócios de pessoas jurídicas, quanto também as pessoas envolvidas politicamente", disse.
O bloqueio de bens é uma forma de quebrar o ciclo financeiro da organização criminosa. As investigações do caso continuam e são acompanhadas pela Secretaria da Fazenda e a Agência Nacional do Petróleo, uma vez que há suspeita de sonegação fiscal nos negócios usados para lavar dinheiro.
"Ficou nítido nessa investigação a estrutura dessa organização criminosa no financiamento de alguns integrantes da classe política", apontou Fábio Lordelo, delegado da Draco.
Vereador é preso suspeito de integrar grupo criminoso com atuação no tráfico de drogas e lavagem de dinheiro na Bahia
Vereador de Santo Estêvão é preso por suspeita de lavagem de dinheiro
Um vereador foi preso nesta quarta-feira (24), em Santo Estevão, no interior da Bahia, durante uma operação que investiga uma organização criminosa envolvida em crimes como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. O político, identificado como Ailton Leal (PT), é apontado como administrador de um posto de combustíveis usado para lavar dinheiro do esquema.
O local foi fechado e multado. Aproximadamente R$ 18 mil em espécie, cheques e contratos foram apreendidos no estabelecimento.
Vereador é preso suspeito de integrar grupo criminoso com atuação no tráfico de drogas e lavagem de dinheiro na Bahia
Reprodução/TV Bahia
De acordo com a Secretaria da Fazenda (Sefaz), há fortes indícios de sonegação fiscal, que serão apurados após os trâmites internos do Fisco. Conforme a investigação, o vereador é irmão de um traficante de alta periculosidade, morto em confronto com a polícia em 2017.
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Em Jaguarari, também na Bahia, um imóvel ligado a outro vereador foi alvo de mandado de busca e apreensão, resultando na localização de celulares e documentos.
Vereadores são presos suspeitos de integrar grupo criminoso com atuação no tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
PC-BA
À TV Bahia, os presidentes das Câmaras de Vereadores de Santo Estevão e Jaguarari informaram que estão viajando, por isso não possuem detalhes sobre o caso.
Ao g1, o Partido dos Trabalhadores (PT) afirmou que abriu um processo no Conselho de Ética e determinou a suspensão preventiva da filiação do vereador, até a conclusão do processo. Além disso, o partido pontuou que acompanha o caso com atenção e reafirmou o compromisso com ética, a legalidade e a transparência. (Leia a nota na íntegra no fim da matéria)
Esquema movimentou mais de R$ 4,3 bilhões
As investigações começaram em 2023 e apontaram para um esquema de movimentação financeira ilícita, que utilizava empresas de fachada e contas de terceiros para ocultar recursos do tráfico de drogas. As apurações também identificaram conexões interestaduais e internacionais atribuídas ao grupo criminoso.
Batizada de Operação Anátema, a ação mobilizou mais de 170 agentes nos quatro estados. Na Bahia, os mandados foram cumpridos em Feira de Santana, Santo Estevão, Salvador, Jaguarari e cidades da região metropolitana. Os demais foram cumpridos em Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná.
A soma identificada na movimentação financeira do grupo ultrapassa R$ 4,3 bilhões. Diante desse volume, o Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco) requereu ao Judiciário o bloqueio dos valores e de todos os bens móveis e imóveis ligados aos investigados.
Ainda de acordo com a PC, até o momento já foram cumpridos sete mandados de prisão temporária e registradas três prisões em flagrante. Foram apreendidas cinco armas de fogo, uma arma artesanal, 10 carros, duas motocicletas, mais de R$ 20 mil em espécie, além de joias, eletrônicos e documentos. Até a última atualização desta reportagem, o material ainda estava sendo contabilizado.
A ação é coordenada pela Polícia Civil da Bahia, por meio do Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco), e conta com o apoio dos departamentos especializados de Investigações Criminais (Deic), de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), de Inteligência Policial (DIP), de Polícia Metropolitana (Depom), de Polícia do Interior (Depin) e das coordenadorias de Polícia Interestadual (Polinter) e de Operações de Polícia Judiciária (COPJ).
Também participam equipes da Sefaz e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Operação Anátema foi deflagrada pela Polícia Civil na manhã desta quarta-feira (24)
PC-BA
Confira nota do PT na íntegra:
"O Partido dos Trabalhadores da Bahia acompanha com atenção os desdobramentos da Operação Anátema e o caso citado; e reafirma seu compromisso com a ética, a legalidade e a transparência na vida pública. Diante das informações divulgadas, o PT Bahia decidiu pela abertura imediata de processo no Conselho de Ética do partido e determinou a suspensão preventiva da filiação do vereador até a conclusão do processo. O partido destaca a atuação da Polícia Civil da Bahia e da Secretaria da Fazenda do Governo do Estado no combate ao crime organizado e reitera sua confiança nas instituições responsáveis pelas investigações."
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